- Bollig Design Group
Belmont Hub
O Bollig Design Group (BDG) da Austrália revelou recentemente o completo Belmont Hub, um centro comunitário polivalente e intergeracional localizado no distrito de Belmont em Perth, Oeste da Austrália. O projeto de 41,5 milhões de dólares (AUD) - o maior da história da Cidade de Belmont até à data – é uma comunidade integrada e um polo cultural de formação, reunião, reflexão e socialização que estabelece uma nova referência regional e nacional na prestação de serviços comunitários, hoje e no futuro.
O edifício compreende uma biblioteca de dois andares, centro digital e estúdio de gravações, centro de dia para a terceira idade e um museu como funções primárias. Contudo, incorpora também refeições complementares, cuidados infantis, espaços verdes e escritórios para organizações comunitárias e organizações sem fins lucrativos. O projeto foi promovido pela Câmara Municipal de Belmont e financiado através de uma combinação de financiamento federal, municipal e subvenções. O Conselho levou a cabo uma extensa consulta comunitária no desenvolvimento do briefing do projeto, que foi depois transmitido à BDG, a quem foram confiadas todas as fases do desenvolvimento, desde a conceção à instalação. A BDG, por sua vez, associou-se à PACT Construction para realizar a estrutura e colaborar nos desafios e soluções de construção colocados pela conceção, os requisitos municipais e as melhores práticas da indústria.
Para além dos componentes funcionais identificados no briefing participativo da cidade, os requisitos logísticos e de sustentabilidade também foram considerados no conceito de design. O resumo apelava à utilização dos princípios CPTED (Prevenção do Crime Através do Design Ambiental) para garantir a segurança e a confiança dos utilizadores, princípio que foi inerente a todo o projeto. O objetivo era obter uma classificação de 6 estrelas Green Star ou, ao menos, garantir as 5 estrelas. Com três faces do edifício envolvidos por estradas movimentadas e por um edifício de escritórios existente, apenas foi possível a utilização de 3500 m2 de chão. A opção foi crescer em altura, facto que criou alguns desafios face aos princípios do CPTED: métricas ambientais, de acessibilidade, sustentabilidade e, muito importante, as necessidades da comunidade. Para enfrentar estes desafios, a BDG ancorou o conceito de design na transparência visual.
O edifício de escritórios existente no local apresentava uma fachada curva, que a BDG utilizou como inspiração durante todo o design. O novo edifício apresenta uma fachada curva que espelha o edifício já existente e cria uma entrada em estilo de funil entre os dois espaços, que estão agora unidos por uma praça ao ar livre ajardinada (anteriormente um parque de estacionamento relocalizado no subsolo por baixo da nova estrutura). A praça desenvolve-se em torno de duas grandes figueiras que já se encontravam no local e que era desejo da comunidade preservar. A praça foi pensada em conjunto com a comunidade e inclui espaços de recreação passiva bem como uma cozinha de demonstração gerida pela comunidade.
A transparência é ainda mais articulada através de intervenções espaciais em todo o espaço. Foi utilizado um complexo sistema de envidraçamento para permitir aos visitantes visualizar os espaços interiores e, reciprocamente, permitir a quem está no interior desfrutar do enquadramento natural, das esculturas expostas no exterior e, até, da envolvente além do perímetro do complexo. Elementos de fachada contrastantes, incluindo alumínio, madeira e sistemas de sombreamento foram utilizados para criar a envolvente do edifício em diferentes camadas e texturas. Uma claraboia apoiada por uma estrutura de 20 toneladas em aço estrutural cobre o átrio central compreendendo um elevador de vidro e uma escada 'flutuante' sem colunas ou vigas de suporte. O efeito global do átrio é de um elemento vazio que corre pela espinha central da estrutura e une as funções numa articulação coesiva e holística. As vigas e elementos de betão estrutural e aço de maior dimensão são intencionalmente deixados expostos à vista do visitante. BDG explica:
"O design foi fortemente influenciado pela necessidade de um resultado 5 estrelas Green Star num edifício que se queria transparente. A utilização de fachadas inclinadas, sombreamento solar, painéis de revestimento altamente isolados foram uma resposta aos requisitos de sustentabilidade e custo de ciclo de vida. O cliente também colocou no briefing que queria um edifício que fosse um exemplo do compromisso do Conselho para com a comunidade e imediatamente reconhecível como um marco histórico para a Cidade."
Os princípios de sustentabilidade são inerentes à conceção. Consultores colaboraram numa gama de soluções à medida para assegurar a máxima eficiência ambiental e de sustentabilidade. O aproveitamento fotovoltaico de 100kw de energia solar foi implementado para impulsionar funções de aquecimento e arrefecimento e gerar água quente impulsionada por energia solar. Foram instaladas lâmpadas LED de baixa energia, melhoradas por funções inteligentes de dimmer e sensores de movimento para dar prioridade à utilização da luz natural. Foram instaladas soluções sanitários de baixo consumo de água, juntamente com a recolha e armazenamento das águas pluviais. Sempre que possível, foram utilizados componentes reciclados e recicláveis, tais como alcatifa, painéis de teto e nos postos de trabalho e foram escolhidos pavimentos de betão polido para reduzir os custos de manutenção ao longo do tempo e, também, para integrar um design acústico de alto desempenho em tetos e paredes. Um sistema BMS monitoriza e controla estas e outras funções, incluindo tecnologias de ventilação.
Embora seja visualmente marcante, o foco do design na transparência exigia uma fachada curva, com premissas mais complexas. Para o concretizar a Bolling associou-se aos especialistas em alumínio Reynaers, que oferecem soluções à medida e personalizadas para os desafios de envidraçamento. O Arquiteto Sénior e Diretor Executivo do projeto, Edwin Bolling, explica, “’Toda a fachada envidraçada foi personalizada para se adaptar ao design único, exigindo um elevado grau de coordenação e cooperação entre o arquiteto, engenheiros da fachada e os fabricantes/instaladores da solução.”
Um elemento chave para a realização do ambicioso conceito de envidraçamento foi a solução Reynaers Aluminium ConceptWall 60-SC. O número 60 refere-se à largura visível de 60mm do sistema e a designação SC refere-se à "fixação estrutural" do sistema para manter as pesadas placas de vidro no lugar. A Reynaers Aluminium desenvolveu esta solução especificamente para atender a projetos que, tais como este, requerem vidros mais pesados. A solução ConceptWall utiliza um design de sistema modular que facilita perfis inteligentemente reforçados capazes de suportar pesos de até 450kg. Isto permite uma construção robusta, capaz de responder às necessidades específicas de segurança e sustentabilidade do design curvo, sem sacrificar a liberdade criativa.
Numa perspetiva de sustentabilidade, o sistema ConceptWall 60 tem uma pontuação elevada numa gama de métricas de conforto, com elevado isolamento acústico e excelente estanquidade à água e ao vento e resistência ao impacto. Além disso, o sistema oferece um isolamento térmico superior, permitindo a integração com a filosofia geral de eficiência energética inerente a todo o projeto. Os gestores de projeto e os clientes são frequentemente reticentes em utilizar soluções à medida dos desafios de construção, uma vez que tendem a ter um orçamento mais elevado em relação aos materiais ou processos mais tipicamente utilizados. A BDG explica que este projeto não só respeitou o orçamento, como também criou métricas de custos adicionais que devem ser consideradas em projetos virados para o futuro, como este:
"O sucesso financeiro deste edifício pode ser avaliado com base no custo do dólar por metro quadrado ($3375/m2) que é excecional para a qualidade alcançada. Contudo, o verdadeiro sucesso financeiro é a contribuição para a comunidade de Belmont que acede ao edifício e a enorme variedade de serviços existentes. Os efeitos de fluxo social e financeiro durarão para além dos próximos 50 anos."
O Belmont Hub ergue-se como um projeto de colaboração concebido com, e para, a comunidade, culminando num edifício de vanguarda e de referência que mostra a estética estrutural e funcional do design geométrico. Materiais visuais e texturados contrastantes harmonizam-se com soluções estruturais e de engenharia à medida para criar um próspero espaço de encontro para formação e socialização, que está atualmente a ter 4000 visitas por semana e foi concebido para continuar a acomodar e adaptar-se às necessidades mutáveis da sua comunidade, durante muitos anos no futuro.
Parceiros envolvidos
Arquiteto
- Bollig Design Group
Instalador
- Com-AL Windows
Fotógrafo
- Douglas Black
Outros parceiros
- PACT Construction (General contractors)
- City of Belmont (Investors)