As soluções digitais que disponibilizamos já conseguem acompanhar de A a Z um projeto
Para a Reynaers Aluminium, a sustentabilidade e a digitalização são, sobretudo, uma promessa de benefícios no contexto do sector da construção. Com esta visão, Marta Ramos, Diretora de Marketing, dá a conhecer algumas das soluções digitais disponibilizadas pela empresa e reflete sobre temas como a metodologia BIM, a eficiência térmica e a reabilitação.
Esta entrevista foi originalmente publicado na Edição nº 153 da Edifícios e Energia.
A sustentabilidade é uma marca da Reynaers há muitos anos…
A Reynaers Aluminium tem-se comprometido firmemente com a sustentabilidade, integrando-a em todas as vertentes de atuação. Para nós, é desde muito cedo um driver do negócio e do design de produto, o que tem facilitado o nosso percurso, construído de forma sólida, ponderada e consciente. Por um lado, pondo em prática ações que reduzam o impacto ambiental das nossas operações e, por outro, pelo desenvolvimento de sistemas de janelas, portas e fachadas que contribuam para mitigar a pegada ambiental dos edifícios, da sua construção e da sua utilização. O Grupo Reynaers, em Portugal, presente com as insígnias Reynaers Aluminium e Forster Profile Systems, foi recentemente reconhecido pelas Nações Unidas como pioneiro em sustentabilidade e também teve os seus objetivos oficialmente validados pela SBTi, uma colaboração entre o WWF [Fundo Mundial para a Natureza] e as Nações Unidas que estabelece metas e orienta a redução de emissões para empresas em todo o mundo, baseadas em factos. Entendemos estes reconhecimentos não como um ponto de chegada, mas como um impulso para continuarmos.
Como pode o digital acelerar este caminho?
Excelente pergunta. De facto, o mercado está em evolução acelerada e a digitalização é impulsionada pela necessidade
de tomar o controlo dos processos, torná-los mais eficientes e com resultados mais previsíveis; com todos os benefícios que isso representa num sector fortemente afetado pela escassez de mão-de-obra qualificada, pela complexidade das cadeias de fornecimento, [um sector] muito dependente de várias partes e com projetos muito dilatados no tempo.
No sector da construção, acho que informação e processos rastreáveis e transparentes estão na base desta aceleração. Atualmente, as soluções digitais que disponibilizamos já conseguem acompanhar de A a Z um projeto, desde o design, até ao pós-venda e futuramente fim de vida do edifício, com tudo o que isso traz de bom ao nível de sustentabilidade e articulação de tantos intervenientes. Temos feito um forte investimento no desenvolvimento de soluções digitais que “conectam” todas as fases do projeto e os intervenientes.
Quais são as novidades mais recentes neste campo?
Especificamente na fase de design, recentemente, disponibilizámos o BIM Studio, um configurador gratuito que simplifica a criação de modelos BIM [Building Information Modeling] mais detalhados e específicos, em complemento à nossa biblioteca de modelos-padrão. E, claro, Avalon – a nossa sala de realidade virtual, que não sendo recente continua a ser pioneira ao proporcionar uma experiência profundamente imersiva de um projeto modelado em 3D.
Damos continuidade à fase do design com soluções digitais que suportam as fases comerciais, operacionais e de instalação a jusante. Neste ano, estamos a introduzir também o DigiTrace, que completa a jornada ao suportar digitalmente o processo de pós-venda já que utiliza um código QR exclusivo em cada janela e porta e permite identificar cada um dos elementos para proporcionar um acesso facilitado a um grande leque de informações – pode até incluir as relacionadas com a sustentabilidade, a manutenção adequada e a desmontagem. Liga todas as partes, do arquiteto ao utilizador, e traz, claro, mais agilidade e transparência. Na Reynaers, acreditamos que não se conseguirá alavancar a construção sustentável sem paralelamente se fazer esta transição digital. E, tal como no campo da sustentabilidade, queremos ser parceiros de referência, até porque ambos coexistem, naturalmente.
O BIM é decisivo e vai ser obrigatório. Como vê esta transição a acontecer?
Vejo a transição para BIM como uma evolução natural do sector: decisiva e desafiante. A obrigatoriedade irá naturalmente impulsionar a utilização e, com isso, trazer desafios para todas as partes. No entanto, os benefícios de longo prazo em termos de eficiência, de redução de custos e de cooperação mais integrada e eficaz são substanciais e justificam este movimento, na minha opinião.
Temos colaborado em projetos que já utilizam esta metodologia a um nível muito avançado e que ajudamos a explorar em Avalon. Continuamos a constatar que se conseguem mitigar desvios no orçamento e no planeamento se reunirmos todas as partes, prévia e simultaneamente, para explorar conjuntamente o projeto virtual. À medida que mais empresas forem reconhecendo esses benefícios, acredito que a adoção do BIM tornar-se-á uma prática padrão, incentivada pela regulamentação, mas sobretudo pelo valor que acrescenta.
Mas é claro, para uma transição mais suave, é fundamental que os profissionais do sector sejam devidamente capacitados. Aqui, as entidades públicas e associativas, as academias e até os fornecedores de soluções têm uma missão a cumprir.
A eficiência térmica é determinante quando falamos em eficiência energética. Um desafio contínuo?
Quando discutimos a eficiência energética, a eficiência térmica é sem dúvida determinante. Penso que, atualmente, o maior desafio está em equilibrar as necessidades de eficiência energética com outras premissas inerentes a uma estratégia de construção sustentável, como as do carbono incorporado nos edifícios, da circularidade e até da transição digital de que falávamos há pouco.
É importante questionar se é razoável construir com alta eficiência térmica, negligenciando um impacto ambiental significativo devido ao uso de materiais ou métodos mais poluentes. Em Portugal, o sector enfrenta muitos desafios nesta matéria.
Damos pouca importância aos aspetos construtivos e às janelas quando falamos em sustentabilidade. É uma situação que pode mudar?
Acho que já está a mudar, embora devagar.
A importância dos componentes tem ganho destaque à medida que a consciência em torno da sustentabilidade cresce.
As janelas, por exemplo, são críticas para a iluminação natural, para a ventilação, para o conforto [do espaço] interior, seja a nível térmico ou acústico, e para a qualidade do ar que respiramos dentro dos espaços em que vivemos e trabalhamos. Paralelamente, a descarbonização do sector passa necessariamente por mitigar o carbono incorporado nos materiais e nos edifícios, ainda antes de estes começarem a ser utilizados.
No ano passado, em conjunto com a Saint-Gobain e a Confidencial Imobiliário, realizámos um inquérito à promoção imobiliária que demonstrou que a qualidade dos vãos envidraçados e das caixilharias já estão muito presentes na percepção de valor, com cerca de 84 % dos inquiridos a indicarem este componente como o mais valorizado pelo cliente final, ex aequo em relação aos painéis solares ou a outras fontes de energias limpas. O principal desafio está, portanto, em criar condições para tornar a sustentabilidade mais acessível, adoptando práticas que já se verificam noutros países da Europa para capacitação de toda a fileira. Somente assim se conseguirá impulsionar a construção sustentável em Portugal.
O maior desafio dos próximos anos está centrado na reabilitação urbana. Quais os maiores desafios que se apresentam?
Por definição, reabilitar é mais sustentável do que construir de raiz. Existem, claro, excepções à regra. Em contraponto, apresenta, na maioria das vezes, grandes desafios sobretudo pelo binómio estética/desempenhos e pelas questões relacionadas com a ligação dos elementos ao edifício. Nesse sentido, as nossas equipas técnicas suportam todas as fases do projecto, trabalhando lado a lado para encontrar, e implementar, as melhores soluções para cada caso concreto.